domingo, 5 de outubro de 2008

Impermanente


Tudo o que nasce morre.
Tudo o que chega parte.
O que foi tomado será perdido.
O que foi feito será quebrado.
O tempo passa como uma flecha.
Tudo é efêmero.
Há algo, neste mundo, que não seja transitório?
(Dogen Zenji)


Desde a mais tenra infância, sempre no começo da primavera, sinto o peso de cronos em meu ser. É em outubro, que um desejo agiganta-se em nossa (quase) consciência: recuperar nosso kairos.
Como gostaria nesse mês de pedalar por algumas estradas rurais de São Paulo e Minas Gerais, de ler mais e mais poesias, de almoçar um simples arroz ( pode ser acompanhado do feijão), ver e ouvir um samba...tudo isso pranteado pelas asas da liberdade. Que bom seria!!!

3 comentários:

Fourier disse...

"Há algo, neste mundo, que não seja transitório?"

Sim!! Minha amizade por vc, caro amigo!

Abraços

Anônimo disse...

Felizmente nem tudo na vida é passageiro e por outro lado que bom que algumas são, tais como dor, tristeza, manhãs chuvosas e frias como esta, tantas coisas que não dá para enumerar, até mesmo a falta de tempo.

Para ser solidária a vc, um samba feito há 40 anos, que retrata um pouco esse seu momento.

beijo

O Mundo é Assim

O dia se renova todo dia
Eu envelheço cada dia e cada mês
O mundo passa por mim todos os dias
Enquanto eu passo pelo mundo uma vez
A natureza é perfeita
Não há quem possa duvidar
A noite é o dia que dorme
O dia é a noite ao despertar...

Velha Guarda da Portela
Composição: Alvaiade 1968

marcio disse...

O desejo de voltar ao simples, do contato com o mundo natural, de buscar a emoção mais pura nos olhos; é o amadurecer do espírito. O Tempo, esse Senhor que nos subjuga ao seu ritmo, também nos serve para reflorescer os sentidos.
Contemplar o simples e o belo, deliciar-se com o alimento, regozijar-se com um perfume de mato, alegrar a alma com o pio das aves, tudo isso é um presente. Mas que haja olhos, boca, nariz e ouvidos apurados no tempero dos muitos dias vividos para então, de novo, nos animarmos com o essencial, degustarmos da vida o melhor sabor, um sabor de infância.
Porque o Tempo, Senhor implacável, nos adverte sutilmente a cada dia do final da festa. Então não olhe muito o relógio, guie-se apenas pela trajetória do sol no céu.
Ah, e preste muita atenção às pessoas, seus rostos, nas palavras. Dêem-se as mãos uns aos outros, aproximem os olhares, que é momento de nos reconhecermos uns nos outros.
Viver é melhor que sonhar.

Abraço forte, Pedalante, meu irmão em virtudes.

Márcio Campos