quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Devemos comemorar

texto Marcos Zibordi ilustrações Aliedo

PESSOAS MONITORADAS, CHIPS NOS CARROS, NO CORPO, PADRONIZAÇÃO, SEGREGAÇÃO TERRITORIAL, CRIAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO DE BANCOS DE DADOS, HIGIENIZAÇÃO. COMO CONDENAVA MILTON SANTOS, EM TEMPOS DE GLOBALITARISMO A CAPITAL SEGUE TENDÊNCIA MUNDIAL DE CONTROLAR E EXCLUIR O CIDADÃO.




Chego do trabalho no final da noite. Ligo no Jornal da Globo e a notícia: em São Paulo, os carros serão monitorados com chip que registra as rotas realizadas pelo motorista, informa multas pendentes, imposto em atraso, desobediência ao rodízio, avanço no sinal vermelho etc. Quase caio do sofá com a possibilidade de ser vigiado assim e a mocinha do telejornal ainda justifica a instalação do “equipamento”: será gratuito, melhora a segurança. Sabe aquelas coisas que dão preguiça da humanidade? Foi um momento assim. São Paulo será a primeira cidade do país a adotar o Sistema Nacional de Identificação Automática de Veículos e no ano que vem todos os veículos da capital terão uma etiqueta eletrônica no pára-brisa. Por freqüência de celular, cabo ou fibra ótica, transmitirão informações a 2.500 antenas conectadas à central de processamento de dados da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). Um terço da frota paulistana circula irregularmente. Multas, impostos e desrespeito ao rodízio compõem, por assim dizer, a capivara coletiva. Nas ruas, quinhentos veículos a mais por dia, congestionamentos acima de 200 quilômetros e, nas lojas, festival de carros parcelados em até cem vezes.

A CET, gerenciadora do tráfego, corre atrás dos infratores. Implantou o Sistema de Leitura Automática de Placas (LAP), capaz de escanear placa e expedir multa em cinco segundos. Fiscais de trânsito trocaram as cadernetas de papel por computadores portáteis – em seis meses, 2.000 agentes treinados, 23.000 horas de capacitação. Mas o controle por chip promete mais: operações pontuais, aumento da arrecadação e da cobertura, criação de infalíveis planos futuros com a eficácia coercitiva de sempre, atropelando obviedades ancestrais como o direito à privacidade.



Vale conferir na edição de janeiro de 2008 da Revista Caros Amigos

.-.-.-.

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu como ciclista dou todo apoio a estas medidas de controle dos automóveis e dos motoristas.

Quem anda de bicicleta sabe que se os motoristas assassinos fossem punidos o transito seria muito mais seguro para todos e para nós em particular.

Não quer ser rastreado? Deixe o carro em casa! Vá de ônibus, metrô, táxi ou de bicicleta.

O que não pode é continuar o genocídio q vivemos diariamente.