sábado, 15 de setembro de 2007

ACREDITO EM PESSOAS E NAS SUAS ATITUDES

DO BLOG DA SONINHA NO UOL acesso em 15/09/2007.


Bikes pra todo lado...

É que nem aquele comercial de cartão de crédito: quando você está grávida (ou grávido), vê grávidas, bebês, carrinhos de bebê e revistas sobre bebês por toda parte. Quando está esperando alguém que vai chegar em um carro vermelho, se espanta: como tem carro vermelho nesse mundo!

Eu agora olho para todo lado e só vejo ciclistas. Entregando pizzas, galões de água, material de escritório. Jovens e velhos, moças e moços, passeando e praticando esporte, indo ao trabalho e à escola. Não sei se tem cada vez mais ciclista ou se eles são o meu “carro vermelho”, em que eu nunca tinha reparado tanto.

A minha bicicleta faz o maior sucesso. Um monte de gente já veio me perguntar quanto é, onde compra. Pena que é importada... Ela é engraçada, provoca mais simpatia do que hostilidade (muitos odeiam bicicleta no trânsito). Tem as rodas pequenas e o banco e o guidão bem altos; todo mundo repara e sorri. Sem ilusões: o fato de eu ser menina e não menino também ajuda.

Incrível como o seu meio de locomoção muda tudo. Mudar o jeito como você sai de casa tem a maior influência sobre o dia todo. Começa do fato de não ter de procurar chave e documento... Para mim, uma bênção (quem já viu minha bolsa e minha mesa pode imaginar). Nem com a chave do cadeado, uma vez que ela não fica amarrada do lado de fora, mas entra comigo nos lugares. Aliás, é gozadíssimo ter um meio de transporte que às vezes me carrega, às vezes eu carrego ele.

Sair pedalando da garagem do prédio é gostoso, divertido. Não preciso ficar sentada esperando o portão de correr abrir até o fim; saio mais rapidamente do que de carro! Ganho a rua com uma velocidade curiosa, muito maior do que a de um pedestre, não muito menor do que a da moto. Afinal, são só 20 metros até o primeiro cruzamento; não daria para ganhar velocidade com um motor.

Preciso pensar no caminho de um jeito completamente diferente. Me lembra aqueles exercícios para desenhar com o lado direito do cérebro: o que era super conhecido precisa ser traçado de ponta-cabeça, de trás para diante, a relação entre os pontos de origem e destino precisa ser estabelecida segundo outra lógica. Da Vergueiro à São João, por exemplo, é um trajeto simples, cheio de linhas retas, e no fim, quem diria, descubro que é mais perto do que eu pensava!

Esta é a primeira vez que uso bicicleta regularmente como “veículo”, desde os tempos em que passava as férias em Peruíbe. Recupero agora a sensação de que lerdo é caminhar... (Bicicletas parecem lerdas para motoristas e motociclistas como eu). Lembro que percorrer dois ou três quilômetros para ir ao supermercado e voltar equilibrando uma penca se sacolas era normal; chato era ir a pé. É sério, as distâncias, mesmo em São Paulo e suas ladeiras, são mais curtas do que parecem. (Adoro andar, mas normalmente não posso ser lerda).

Essa mudança de hábito é uma experiência tão envolvente, tão abrangente que eu tenho comparado a mudar de bairro ou cidade, de emprego ou de estado civil. Ou a deixar de ser fumante ou carnívoro. A rotina se reorganiza; você começa a se sentir parte de um outro clube, aprende a viver de outro jeito.

Gostar de uma idéia e colocá-la em prática são mesmo coisas bem diferentes. Ainda bem que eu fui forçada a isso (porque roubaram a moto...).

Escrito por Soninha às 20h57, em 13/09/2007.


Parabéns SONINHA!!!

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